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20.6.10
amores impossíveis
Estava frio e escuro, quando pousou suavemente. Os cabelos esvoaçando com a brisa. Uma coruja voou, mergulhando em direção a mulher com alguma coisa pendendo de suas garras. Pairou por um segundo, então com um pio melancólico arremeteu. Ficou lá, parada, silenciosa observando o pássaro desaparecer.
Caminhou até a árvore e olhou atrás dela. O gato estava lá, vigiando. Havia algo muito humano na sua enorme cara leonina; seu largo nariz negro, seus olhos amarelo-esverdeados, sua boca amável, mas cheia de presas.
Ela foi até lá.
– Boa noite Hugo. – Acariciou sua cabeça e coçou seu pescoço, debaixo do queixo. – Creio que sua missão acabou não há mais o que vigiar aqui.
A moça murmurou algo numa língua esquecida e um fio de luz prateada saiu da mão esquerda, mas a luz a incomodou e ela preferiu a escuridão.
Fechou a mão num gesto rápido e ríspido. O Gato Preto pulou em sua direção em silêncio. Ela o pegou no colo, acariciou-o e disse coisas gentis e confortantes, fazendo-o ronronar.
Ela sorriu e se você prestasse atenção veria o gato sorrir. Eram ambos náufragos e procedentes do mesmo mal, do mesmo jeito, entendiam-se bem.
Seria bom enfrentarem juntos os membros da raça odiada! Dos caçadores. Dos mortais. Dos felizes. Ela o apertou um pouco mais quando se aproximaram da casa.
Dali seria fácil atacar. Ela se pôs em guarda, o gato mudou lentamente para a forma que ela conhecia bem, a forma que ela costumava acarinhar de outros modos.
Cruzou a porta dupla, e percebeu uma pequena janela à esquerda. A mesma pela qual havia visto os caçadores. Avançou, tendo Hugo ao seu lado, mas por pouco tempo, logo ele desapareceu buscando a mulher. Seguindo o adocicado cheiro mortal, o rastro leve e poderoso pairava no ar.
Começou a matar quem encontrava em seu caminho, zangada com sua insensatez. Sorriu ao pensar no quanto um amor impossível era sedutor.
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