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17.3.09

A primeira menstruação a gente nunca esquece...


Que sangue era aquele que molhava minhas calças amarelas no meio das pernas quando cheguei em casa vinda da escola? Sorte é que ninguém parece ter reparado enquanto eu vinha pela rua... Sorte também é que era só atravessar a rua e eu estava em casa.

Que susto eu levei quando cheguei em casa e fui ao banheiro fazer xixi! O curioso é que eu acabava de sair de uma aula de Biologia... Fiquei branca como cera e sem ação quando vi aquela mancha enorme de sangue nas minhas calças e ainda por cima no meio das pernas! Como havia saído tanto sangue sem eu ter percebido nada?

Achei que estava doente ou coisa parecida. Nem almoçar eu quis! Pensei que estava com algum problema de estômago ou coisa do gênero. Mas estranhamente não me doía nada... Simplesmente empalideci e perdi o apetite. Mas acho que lá no meu íntimo e no meu inconsciente eu tinha alguma pista sobre o que acabava de me suceder, embora minha mãe não tivesse me preparado para essa visita que a partir de então chegaria todos os meses religiosamente em minha vida. O fato é que eu não estava preparada para recebê-la. Aquilo me pegou de surpresa.

Praticamente nada me foi dito. Descobri que ela aparece mensalmente pelo período de 5 dias e que de vez em quando traz uma dorzinha incômoda junto: a cólica menstrual, a qual graças a Deus, eu nunca tive muitas. A partir daí minha mãe passou a me presentear com um pacote de absorventes todos os meses, explicando que eu precisava retirar a fita adesiva e colar na calcinha, a fim de que ele cobrisse o fundilho dela e não vazasse aquele sangue pelas laterais.

Não existiam ainda absorventes com abas, de modo que era extremamente difícil não ocorrerem vazamentos, que por vezes manchavam as calcinhas. Era preciso então pô-las em água com sabão em pó para que ficassem de molho até diluir aquele sangue e voltarem às suas cores naturais. Aprendi que sabão em pó é tiro e queda para calcinhas com manchas de sangue provenientes da menstruação. Mas ainda hoje apesar das abas, as quais foram desenvolvidas justamente para evitar os tais vazamentos laterais, ainda acontecem pequenos acidentes, que resultam nessas manchas não programadas.

Ainda bem que 99% dos homens repelem a transa durante a menstruação. Já pensou que vergonha ser pega de surpresa pelo amante com a calcinha toda manchada? Para a gente que sofre o processo já é algo meio nojento, imagina para eles! É... apesar de toda a tecnologia já desenvolvida em torno da menstruação feminina sempre é possível ocorrerem acidentes não previstos no processo.

Mais tarde aprendi que usar roupas brancas durante esse período era bastante arriscado. Qualquer manchinha ou pingo de menstruação fora do absorvente poderia ser fatal! Muito mais fatal ainda, por que fica mais aparente! Afinal, determinadas roupas brancas não só pela cor, mas principalmente pelo tipo de tecido são perigosamente transparentes... E é aí que mora o perigo. Já pensou aquela mancha gigantesca ou pequenina que seja, ali aos olhos do mundo? Para todo o mundo saber que você está “naqueles dias”? O que você vai dizer? Que derrubou catchup? Que cortou seu dedo e o sangue escorreu até ali? Ou que sem querer sentou-se numa poça de sangue?

Em todo caso, era melhor não usá-las. Afinal, também não existia o chamado absorvente interno, algo do tipo O.B. e Tampax, as marcas mais conhecidas nessa linha e que para dizer a verdade não faço idéia de como se manipula tais objetos, visto nunca os ter usado. A contribuição mais notória dos internos é o fato de permitirem à mulher tomar banho em cachoeiras, piscinas, rios e mares sem precisar se preocupar em manchar as águas de vermelho. Cá entre nós às vezes essa visita aparece em momentos extremamente inoportunos, privando-nos de prazeres ansiados já há algum tempo, como ir à praia para passar alguns dias e justamente nesses dias a visita resolver dar as caras sem avisar. É terrivelmente frustrante. Bem, mas aí a pílula pode ser a grande salvação da lavoura, porque pelo menos ela regula o período da visita mensal, ou seja, a visita passa a aparecer sempre na mesma época em todos os meses, passando a ser então visita-programada em vez de visita-inesperada.

Só precisamos ter a esperteza de programar esses e outros tipos de passeios mais prazerosos fora dessa época. Ainda hoje, apesar do advento das abas e dos internos, por via das dúvidas acho mais seguro não arriscar, mesmo não sendo eu uma menstruadora do tipo torneira, daquelas que abre a válvula e esquece de fechar. Mas é algo que preciso repensar, por que, afinal, nem sempre a agenda social da gente está em sincronia com o período dessa visita familiar.

Se a vontade de tomar banho de rio, mar, cachoeira ou piscina for muito grande, das duas, uma: ou use um absorvente interno ou desista da empreitada. Mas jamais o faça usando um absorvente normal, até por que fica ridículo usar um absorvente trajando maiô ou biquíni e além disso, as chances de ele se desprender do lugar são gigantescas. Já pensou você tomando banho despreocupadamente, se divertindo a valer e de repente seu absorvente passa flutuando entre as pessoas ali ao seu redor? E pior, completamente avermelhado?

Da última vez em que fui à praia aconteceu-me algo deveras perturbador. Para o meu azar coincidiram a agenda social e o período da visita, de modo que ela se deu justamente na época em que me encontrava desfrutando os prazeres do mar. Assim sendo, interrompi imediatamente os banhos, visto que possuo algumas restrições quanto a absorventes internos. Mas o fato é que o calor estava intenso, todos indo para o mar e eu passando vontade. Impensadamente resolvi seguir os conselhos de minha irmã e fui ao mar menstruada usando um absorvente normal, trajando somente a parte de cima do biquíni. Por baixo permaneci de calcinha e shorts (e pior: daqueles mais larguinhos!). Devo confessar que não foi uma das tardes mais agradáveis de minha vida, porque me encontrava constantemente preocupada com o fato de perder o absorvente ali nas águas do mar na frente de todo aquele pessoal que dividia o espaço marítimo comigo.

A sensação de desconforto e o receio de "pagar um mico tamanho família" acompanharam-me o tempo todo. Resumindo: primeira e última vez que fiz isso na vida. Preciso repensar a história dos absorventes internos... Talvez sejam melhores do que passar vontade ou "pagar um mico gigantesco".

Também aparecem algumas cólicas de vez em quando e o sempre presente inchaço, mas nada que não se contorne com um chá ou mesmo um Tylenol ou algo do gênero. Enfim, nada tão desesperador assim. Apesar de que às vezes vêm umas dorzinhas que dá vontade de virar um tatu-bola para ver se passa.

Ah e a TPM então? A tal da Tensão Pré-Menstrual... Que eu me lembre nunca tive dessas coisas ou sofri algum tipo de chilique ou piti por conta disso, visto ser eu uma pessoa extremamente calma e tranqüila até mesmo para o meu gosto. Entretanto, há relatos de que 63% dos crimes cometidos por mulheres ocorrem justamente nessa fase. Portanto, homens (amantes, namorados, namoridos, maridos, ficantes e afins) pensem duas vezes ao "pisar na bola" com uma mulher nesse estado ou ao menos sejam mais cuidadosos nas suas eventuais "puladas de cerca". O perigo pode estar ao seu lado...

E assim eu me descobri mulher. Meio inusitadamente e até mesmo comicamente, é verdade, mas me descobri.

Alessa B.

Um comentário:

Myllena Alexandre disse...

Carambaaa...Adorei seu blog, e esse assunto me deixou mais interessada ainda.Eu vou pra uma praia no domingo e resolveram me visitar 2 dias antes desta viagem eu tou quase morrendo, porque eu quero ir, eu estava esperando por esta viagem a meses e agora me acontece isso!
Mas eu vou nesta praia, por isso estou dando uma pessquisada de como fazer isso...
Beijoos e obrigada pelo assunto.