Pesquisar este blog

2.9.09

ouço minha fome



ouço minha fome devorando poemas...

de bourbon ou vinho barato, me veio o hálito de olhos marcados, bordados e expressos... que me roubam palavras como se a mim possuísse - palavras e corpo... me jogo no mundo do fundo profundo dos olhos marcados, atravessados, difusos e me confundo, mas eu que nunca fui santa, me permito ser infinita no corpo, me aprendendo em piercings e desatando nós na garganta.

afino a poesia das ruas como um bicho de cinco cabeças que evita pronomes de apego e posse e na falta de versos, apelo para acessos de tosse, tosse, tosse...

isso é tudo o que tenho e esse tudo me chega sem nome... e o que são as coisas antes de ter nome?

me embriagava de beijos, de vinho e versos sem rolha... baudelaires às avessas na busca da virtude que nos escolha e na encolha, os melhores desejos são aqueles dedicados nus e em carne viva, nossa carne crua que suspira...

sem resistência e entre palavras chulas no chão da sala, mordo a morte pra que alguém se sinta vivo ...

vivo agora voyeur imaginária de beijos que não são meus, chupo versos e estanco gemidos voltando pra casa lambendo giletes, sugando o vermelho do mel da minha língua dolorida, que não sei sugaram de mim enquanto eu ardia, ou se realmente nunca a ninguém pertenceu algum outro dia, numa outra vida.

mastigo a língua que lamberam palavras mal ditas, lançadas nas labaredas dançarinas de verdades benditas.

por isso eu peço que parta e que reparta e em outro desejo, espero que te escolha uma estrela boiante no céu e que nela te reflita a tua merecida musa, que te surja de onde vier, das ruas, dos becos, da memória ou das espumas...

e se numa nova cena, eu soltar o meu corpo e alguém pressentir, que nada foi viver perdido, ou também, que tudo que nunca fizemos tenha feito sentido, apenas iremos saber, do grito ecoante da morte mordida e do gosto do desgosto que guardava nas visceras, quando qualquer forma de pressentimento anunciava a partida.
(...) engulo meu silêncio.
e ainda ouço minha fome.


(sheyladecastilhoº
.

15 comentários:

Louis Alien disse...

wow!

Cristiane disse...

uhuuhuhuhu!! adorei!! tbm ouço a minha...

Unknown disse...

ouço uivos e gozos e palavras mordidas com gosto.

qualquer semelhança não terá sido mera coincidência.

ointi!

Larissa Marques - LM@rq disse...

ouço minhas fomes através das tuas!
muito, muito bom!
como sempre!

Anônimo disse...

Ouço sua fome junto com minha vontade de comer; escrevo degustando suas palavras.

Larissa Marques - LM@rq disse...

a falopiana que tem mais comentários no blog! tem que passar pra nós o segredo!

sheyla de castilho disse...

o segredo é arrumar um tempinho e divulgar a postagem aos amigos...
simples!
beijos

(sheylaº

Unknown disse...

sem palavras.....

Tchello Melo disse...

"mordo a morte pra que alguém se sinta vivo ..." já valeu tudo! Sem dizer que causou arrepios "lambendo giletes"; não faça mais isso, Sheyla!

Beijos!

Paulo Castro disse...

Criança pequena tem necessidades e demandas. Leite e ser reconhecido. Continuamos com isso, mas passamos a ter desejo. O leite já não basta, ser reconhecido como sedento já não basta. A solidão e o amor, a entrega, o tesão, a loucura das guimbas de cigarro grudadas na sola do sapato solitário, isso nos ensina o Desejo.
E o Desejo não morre. Ele pula. Ele vai para o outro, sem deixar de ser si mesmo. Sim, pode ser uma definição ampla da sexualidade feliz e algo adoravelmente demente.
Beijos.
Paulo.
º

ricardinho disse...

nessa fome existe paixão, minha pretaaaaaaaaaaaaaaaaaa!

Allan Vidigal disse...

Bonzão esse texto... preciso vir mais aqui.

aluisio martinns disse...

"versos sem rolha...". Foi isso que vi aqui, convite digno à embriaguês, como nascida (somos) doses a menos de de falso equilíbrio.

Unknown disse...

e o que são as coisas antes de ter nome?
caraleoooo, como sempre inspiradissima, minha parceira
Bjao

cairo trindade disse...

maravilha, sheila! poesia com gozo! valeu, gata!