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3.9.09

A Vingança

(Imagem Google search)

Aquele dia começou errado na véspera. Quando fui dormir na noite anterior, um casal de gatos resolveu namorar em cima do meu telhado...

“Romeeeeeeeuuuuuu!”

Gato namorando é um escândalo. Levantei, bati com o cabo da vassoura no forro. Botei os bichos para correr. Aí, Funil, meu cachorro, ficou louco e começou a latir sem parar. Correu atrás dos gatos, virou balde, bacia... Foi um fervo total.
Enfim, 40 minutos depois, tudo se acalmou e eu dormi.

Acordei às 5h30min e fui até o posto de saúde, tirar ficha para o dentista. Cheguei no posto 5h50min. As senhas começaram a ser distribuídas às 7h. Dois minutos depois a atendente já gritou:
- Terminaram as fichas pra odonto.
Putz! Não consegui de novo... Que merda.

Voltei para casa e, quando cheguei, olhando para a pia da cozinha pensei: “Por que eu não lavei essa louça toda ontem?” Vamos lá. Eu já estava indignada com a noite anterior e com o episódio no posto. Comecei lavar a louça e, quando fechei a torneira, que já estava um pouco partida, terminou de quebrar e a água começou a jorrar inundando a cozinha. Fui até o registro e fechei, até que a torneira da pia da cozinha fosse substituída.

O restante da manhã passei limpando a cozinha, a casa toda, o pátio... Precisava me distrair. Quem me conhece sabe que a coisa que me deixa mais indignada é justamente ficar indignada. Eu sempre fico brava duas vezes: uma pelo motivo que me zangou e outra por estar zangada. Nada funciona bem comigo sob pressão.
Meu filho havia me pedido há semanas que eu fosse com ele na Rua da Praia comprar “uns panos”. À tarde fomos.

Quando saíamos da lojinha de artigos para rappers, desaba o maior toró. Saímos apressados, mas foi impossível evitar o banho... O Xico ainda queria ir à Voluntários comprar umas cuecas. Fomos correndo. Muita gente se batendo, guarda-chuvas, respingos, poças... Argh! E o impensado acontece: numa daquelas lojinhas da Voluntários da Pátria, uma mulher totalmente masculina cantava:
- Ado, aado, cada um no seu quadrado!
Putz! Eu sabia que o resto do dia seria “ado, aado, cada um no seu quadrado” martelando na minha cabeça. Comecei a caminhar mais rápido. Um passo: ado! Mais um: aado! E mais três: cada um no seu quadrado! Argh!
Cueca comprada. Quadrado na cabeça... Vamos embora.

O trensurb já estava na plataforma de embarque na Estação terminal do Mercado Público, completamente lotado. Conseguimos nos colocar bem no meio do terceiro vagão, sem muito lugar para nos segurarmos, assim, meio cambaleantes... Quando ela entra... Uma senhora com cara de poucos amigos, sobrancelhas arqueadas para baixo, boca apertada, como se rangesse os dentes, as mãos cheias de sacolas, muitas sacolas. Ela entrou com tudo! Empurrou meia dúzia e achou de se colocar justamente no local onde eu estava e, com isso, foi me empurrando sem a menor cerimônia. Eu cantava "o quadrado" em pensamento e até devo ter balbuciado algum "ado" para a mulher, que insistia em me empurrar. Tanto que me desequilibrei e caí sentada no colo de um senhor de terno, possivelmente evangélico, que estava acompanhado de sua senhora e mais três crianças. Foi um "Deus-nos-acuda". A essa altura, tudo o que eu queria era que aquele dia acabasse logo. Fiquei em pé novamente e fui me dirigindo para perto da porta. Faltavam duas estações para o nosso destino. O Xico se segurava para não rir, diante da minha cara de total e profunda indignação. Ele já estava perto da porta e cheguei junto dele. Trem na estação. Desce, sobe. Parte novamente. A próxima era a nossa. Ficamos encostados na porta de saída. Seríamos os primeiros a descer.

Dá para imaginar? A mulher de cara amarrada parece que estava mesmo disposta a acabar com o meu dia. Veio empurrando gente corredor à fora e parou justamente... nas minhas costas! Ah, isso já era demais. O Xico nem me olhava e eu bufava com aquela mulher encostada em mim, espremendo-me contra a porta.
Educadamente (não sei como) perguntei-lhe se ia descer na "Fátima" e ela respondeu grunhindo que desceria na próxima. Eu sorri por dentro...

Enquanto eu via a plataforma se aproximando, fui preparando o golpe, segurando até o último momento toda a raiva que eu tinha acumulado naquele dia.

A porta se abriu e, antes de descer do trem, larguei "uma bufa", das mais fedidas que se possa imaginar e saímos, quase correndo rumo à escada rolante.

Eu ainda pude ouvir a mulher e todo o vagão esbravejando nas minhas costas e quando percebi, estava gargalhando e correndo estação à fora, puxando o Xico, pela mão.

O Xico lamentava o mico... Queria me xingar, mas não conseguia evitar o riso. Eu ria muito também. A raiva tinha passado. De certa forma, me sentia com a alma lavada.

Aquela senhora no trem deve ter tido um dia ruim também, acredito até que pior que o meu.
Agatha R.

3 comentários:

Flá Perez (BláBlá) disse...

Arghhhhhh!!!!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
gostei da descrição do dia.

Larissa Marques - LM@rq disse...

kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk
Gata, gostei!

Patrícia Gomes disse...

hahahahahahahaha
Ótimo!!!