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14.10.09

(t)eu

um espelho me rouba a alma e me vejo como uma escrava de modernos tempos. no peito a ardência e pelos poros transpiro indecência. filosofo com meu reflexo e como um refluxo, regurgito o que me rejeita, engulo seco e reflito. constato o que me afeta. o mal dos modernos tempos, é a falta de afeto. Volátil se torna o empreendimento, de sustentar qualquer forma de envolvimento. cada um tem o seu tempo. respeito, mas lamento.

minha loucura não me assusta quando é surto criativo e intrigante, revelado e relevante que instiga. me agarro em minha função de artista e te convido para um mergulho no abismo...

mas não mais abismado quero ver, o que vi em teus olhos fugidios, quando a boca minha sem nenhuma poesia, te encharcava de verdades nuas, minhas.

e não fiz por crueldade. foi a mais urgente necessidadade e a mais oportunista vontade.
confesso, foi puro egoísmo... desejo de por você ser amada sem dia nem hora marcada. e foi por não mais sustentar a mentira da despretenciosa amizade, pra satisfazer o meu lirismo e não mais padecer de doce saudade.

não me isento de dias de sofrimento, confesso que em certos momentos eu o acho inclusive bonito, tal como o sol que vi nas nuvens nascer amarelo, eu acredito que amar é um elo, e ainda há um consolo que corre paralelo, mas no infinito, se cruzam esses dois sentimentos... isso eu chamo de amor. é a cura da ferida e naturalmente, são coisas da vida...

ainda sonambulo entre espinhos e buscando esse deus (se há-deus) e te entrego a prova, essa prosa escrita no tempo eu, do que em mim há de nós. aperto o nó. sem dó.

e se por acaso existe algo em mim que te dói, entenda que isso em mim, corrói. mas não corro do que me atrai, eu te atraio pro que te trai. se você não vem, eu vou atrás... quando se ousa por amor, isso pra mim tanto faz. dou valor e sinto paz.

mas eu ainda me sinto mesmo vagueando no deserto e comendo as flores que brotam nos cactus de espinhos retos... mas quando eu te avisto vestido de deus... (oh, meu deus! entenda...) que acaricia a vulgaridade sagrada de um poema, da forma exata que eu mereço... é por isso eu não te esqueço, porque pra isso não tem fuga, não tem preço e não tem cura.
hoje sou eu, mas tem dias que sou ellla... mas sempre que tua, sou nua e crua...
eu sou a sensata santa que te ora e também a devassa puta que te curra!


(sheyladecastilhoº
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4 comentários:

Larissa Marques - LM@rq disse...

gosto desse declinar das palavras, esse desconstruir em si em busca de outros.
como sempre, muito bom!

Na Mira da Rima disse...

se há-deus, que seja em nome da cura... ou da curra!

muack!

sheyla de castilho disse...

o curioso, larissa é que vc fala em desconstrução e escrevi este texto horas depois de ler um pouco Jacques Derrida , sobre a desconstrução no sentido positivo da palavra. Desconstrução para o renascimento. Intuitivamente saiu isso e vc percebeu da sua maneira...
beijo!!

(sheyladecastilhoº

Magmah disse...

gostei muito, Sheyla. reli algumas vzs e me identifiquei com o texto, isso é muito legal pro leitor.