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11.12.09

Nostalgia sem direito




Quantos aviões decolarão rasgando meu sono em dois, o antes de induzida tranqüilidade e o depois, com a maldita saudade. Quantos botões se abrirão quando seu hálito único me beijar a boca em caos de desejar a sua?
Ouço motores de carros na rua, não é o do seu, a janela não me suporta mais, olhos vagam bairro acima, antenas, casas, prédios, colégios, igrejas. Existe um rasgo do lado esquerdo, costurei à mão, ponto a ponto, ponta a ponta, me perdi na hora de fazer a conta do quanto foi grande o estrago. Eu trago cada dia mais os risos que guardei na contramão da Avenida principal, os meus discos nunca mais tocaram, emudeceram depois que você se foi, assim, naquela manhã em frente ao portão, a última vez que te vi, e sem saber, ouvi odores me dizendo que a primavera chegara ao fim. Ai de mim. Eu sempre sinto o final das estações.
Quantos aviões decolarão durante o verão?




(ANA SISDELLI)

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