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12.1.10
























louvor

traí meus gritos de não-fé, pois ainda recolho em mim devoções e notas frias de um querer harmônico que queimou-me em febre. é você que habita minhas lembranças mais doces e as dores irremediáveis. não me peça para estancar a ferida, pois ela já se transformou em câncer.
corrosiva e mortal essa sua marca toma conta de vísceras, caminha pelos vãos de carne, úlceras, veias e toma a esta pele alva e flácida.
por cansaço de procuras vagam outros nomes nessa rede infindável de toques e amores que vivo, mas inconsciente esse mito em que você se transformou derriça minha condição de guerra e ateia fogo em todas as bandeiras brancas.
sangro.
e o fruto de meus lábios brandos pedem lúcidos seu beijo e seus olhos em mim.
mesmo que soe falso e incompreensivo diante de minhas inquietações, curra-me com louvor e me faz deusa por um instante.
sou incoerente quando desejo, mas expulso-te de mim, numa tentativa de preservação.
exorcizo-te, mal bendito! que toma minha calma e me liberta para o sofrimento!
não me dou ao trabalho nem de esperar, a multidão de desamados já não suporta o peso da derrota.
todas as ilusões choram sua falta, mas sorrio morna.
amanhã quem sabe?

Um comentário:

ükma disse...

Aii, esse texto me explode inteira, é maravilhoso.