imagem: Fili
Do que fizestes inteiro, eu quebrei e despedacei por ti. Quantas alucinações cabem num coração esfomeado? Em quantos podemos quebrar quem já está em pedaços?
Se tua dor me atingisse, seria a minha menor?
Prefiro adoecer sozinha. Doer em prantos sensorizados com fundo musical. Mãos dilaceradas nos apertos e ruídos que não posso conter. Fogem de mim os barulhos que denunciam a loucura iminente. Não me olhes assim. Olhar-me diminui a cor do teu pranto? Fundamenta minha face reconstruída?
Sorrio hoje e todos os dias com a intrepidez de quem mente para viver, de quem mentirá a dor que sente e a felicidade que não possui. Sorrio e não me perguntarão o que me adoece.
Quem adoece sorrindo cura-se, não é mesmo?
Mas não há cura onde a doença não chegou a existir. Se não a reconheço, ela não está aqui. E de auto-ajuda eu me dilacero em negações eternas. Penso positivamente que todo esse pesar é brincadeira de esconde. Escondo o pranto, parto o tempo em dois e meus pesadelos travestem-se de sonhos coloridos. Cubro escombros com flores e deles finjo jardim.
Chamo-te passado, mas não passou. Chamo-te vivo, mas morrestes. Chamo-te inteiro, no entanto deslocas ruídos em pedaços.
Chamo-te horror e, finalmente!, respondes.
Um comentário:
lindo!
sentado à beira do olhar vejo a chuva a semear no chão um sorriso.
denison
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