Rendiam-se, ao peso da
Luz, todas as formas
Que, no auge do sol, viam
Sua face, recortada à
Contraluz, rasgando-se com
A beleza insuportável de
Uma aparição.
Qual anjo suave cantavam
Meias verdades que ouviam na
Velocidade das palavras, na
Incerta cor da íris e,
Desesperadamente lhe seguiam
O trilho dos dedos que, ainda
Quentes, marcavam a madeira
Da gasta mobília do tempo.
No reforço, a mim inconveniente,
De minha incomunicabilidade,
Doutrinaram-me com a poupança
Verbal e, dessa forma bruta,
Segui vivendo:
Uma idéia, meia palavra...
Mas ao sentir em mim
Todas as formas embebidas
De sol no passo angelical das
Horas vagas de intrigante luar
Sorria continuamente apenas
Para encadear algo de esplendor
Que ouvia na música ao longe,
Sem ao certo saber se eram as
Batidas do meu ou do seu coração,
Atordoadas, hipnóticas, que
Dançavam trôpegas no baile de
Uma nascente prolixidade amorosa
Que escorria levemente morna as
Encostas escarpadas da falsa
Incomunicabilidade que como
Máscara vesti...
Despudoradamente me despi de
Quaisquer contornos firmes
E para ti me fiz tela em branco
Para que o amor nasça em
Fortes cores, na harmonia da
Luz que molda e nos
Transforma...
Patrícia Gomes
Imagem: Yip-pee
4 comentários:
Sê bem vinda, bom poema!
Obrigada, mais uma vez, Larissa!! ;o)
Percebo, sem qualquer confusão, um poema inspirado, forte, com luz e densidade.
Bom de ler, de sentir e de pensar.
Abç
RA
Obrigada, RA, pela presença e mais ainda pelo comentário... ;oD
Patrícia
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