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5.9.09

Fórceps


Minha luz escorre,
escura fumaça
dos olhos que dançam,
o chuveiro me chora.

Entrego-me,
o calor me invade
enquanto a carne fria transpira

gotas febris
a tarde arde, fria,
dentro de uma sala letrada.

Sinto-me em meu ventre...

me remexo, sem saber ao certo
o que é ficar e o que é sair,
voltar pra que ?
Esse mundo nunca me entendeu bem,
jamais obtive respostas...

não sirvo pra semente,
não caibo em ostras
me retiro de meu ventre a ferros
e aos berros começo meus passos...

Não são berros de dor, mas gritos
de quem acaba de chegar,
certa e errada,
descabelada, cambaleante,
desafiante, coração retumbante,

espicaçado,
que é feito mula quando empaca,
não arreda passo,
quando se assume certeiro.

Extraio-me a ferros,
devolvo meu ser, que desconheço,
ao meu espelho já nem tão baço,
para que nesse espaço, eu me eu me reconheça
no que sou, e não no que deixei de ser...



Patrícia Gomes e Rosa Cardoso
Imagem: Pinçada no Google e desconheço a autoria.