Pesquisar este blog

23.6.10

Sumidouro


Ela tem o corpo sempre aberto,
todo feito de faltas e excessos
e muito pequeno para seus desmandos

- uns gestos -

Nele não cabe tudo o que ela sabe
por isso aqueles grandes olhos
imersos em quasares,
soturnos,
olhos enormes de animal noturno

- se ela é a presa,
há que se cuidar no escuro -

E se por descuido ou por vontade
ela nos sorve
para dentro da voragem
aquele corpo pequenino e sempre aberto
apascenta os pedaços
com a urgência de alguém que morre.

3 comentários:

Joana Espain disse...

É muito bonito este texto. Conhece a poesia de Ana Luísa Amaral? É curioso como parece partilhar a mesma imagética desta poeta. Um abraço.

Flá Perez (BláBlá) disse...

não conheço...vou procurar.
bjbjbj

Flá Perez (BláBlá) disse...

Achei! olha, que coisa linda:
http://www.mulheres-ps20.ipp.pt/Ana_Luisa_Amaral.htm#Testamento