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9.9.09

um amor do Caralho e ave Maria



às vezes, sentava no banco de pedra caiada e observava o Sol cair, desde o momento em que ardiam-lhe os olhos, ainda que a cegasse por instantes quando dele desviava o olhar e ainda, o Sol, insistia em flutuar por onde ela olhasse num tom esverdeado, até o último instante em que por entre montanhas que se tornavam azuis, restava-lhe apenas um tom lilás entre nuvens vermelhas, que anunciavam noite de frio.
fazia amor com a Terra enquanto sorvia goles pequenos de vinho... gostava de uma leve embriaguês, mas pra ser inteira naquele momento era necessária uma dose a mais de lucidez. a terra que lhe correspondia o ato de amor era uma terra úmida, fria e macia. Espalhava pelo corpo e então lhe aquecia. não temia que ninguém a assistisse, pois ali era um canto apenas seu e ela fazia parte daquela natureza, com sua unhas bem feitas entranhadas de terra preta.
o sol, o amor com a terra, o vinho que nasce de vinhedos vindos dela, que fermentou o açúcar que a embriagava de poesia sem palavras.
naquele dia, não aplaudiu o Sol... sua homenagem foram lágrimas de gozo que partiam do fundo da alma.
leve como o vôo de aves migrantes voltando pro ninho ao findar do dia, sem preocupações com tempo e relógios... aves guiadas apenas pelo instinto da luz, percebeu-lhe asas, sentiu-se também ave. Uma ave Maria.
animais noturnos chegavam para a doce boemia... de olhos fechados para melhor enxergar, sentiu a noite a abraçar, o vento gelar. mais uma dose de vinho na taça de alumínio não menos fria.
tão suja de terra e tão linda, de mel e de gosto, decidiu retornar, mas não se lavar...
abriu os olhos para melhor se situar e lá estava ela... amarela no céu nem tão ainda negro a boiar. cheia, dela, inteira... a Lua!
ainda nua, fitou-a com o mesmo desejo com que sentiu lamber-lhe os raios do Sol...
se rendeu e na noite fria que caía, se molhou novamente de amor, beleza e orvalho...
promíscua pela natureza? sabia que não...
pois tinha certeza, era um amor do Caralho!

(sheyladecastilhoº
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11 comentários:

Larissa Marques - LM@rq disse...

se é amor já é insanidade e nem interessa de onde venha, se santo ou sabatinado!
gosto da sua sonoridade!

Dj Robhinson UK A Nave disse...

uffa!!!!!, ó...

Anônimo disse...

Que seja ave, que seja Maria, mas que seja amor...uma amor do caralho!
Desse amor que é preciso, que preciso... como relógio suíço.

Lia disse...

Não sei escrever-descrever sentimentos...No coments then but strong and emotional feelings : Lindo prá c-------, dona Poeta!!!
Muita Luz pro'cê!!!

Isa Blue disse...

Um lugar e um amor do caralho! ;-)
Impressionante como essas terras entranham na gente, né? *Bjoks.*

Unknown disse...

ave maria cheia de graça e tesão ;-)

barflyriodejaneiro disse...

mais uma história do caralho!
bjs Shari

aluisio martinns disse...

"sentiu-se também ave. Uma ave Maria"
Digo e repito: Sheylla é do caralho, e do castilho...

nelson disse...

a sonoridade vem de Moraes. a pontuação deixou o texto um tanto confuso. o elemento abstrato tratado como concreto é pra poesia. sei lá.

(sheyladecastilhoº disse...

a sonoridade vem da alma, apesar de ser motivo de orgulho ter a sonoridade de vinícius, mas não foi proposital, o que parece ser abstrato é concreto já que se trata de um fato real(!)e eu com certeza, nunca soube o momento certo de usar vírgulas, muito menos de colocar um ponto final...

agradeço!

Byra Dorneles disse...

um amor do caralho!!!!
vou escrever a sequencia, amor da buceta!!!
saudades
byra dorneles