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1.8.09

Arquiteto



Não sei ao certo
O que me devora,
Mas gosto do meu gosto
Em sua boca.

Tudo o que criei
Nublou-se e me cega, mesmo
Tendo-me como estátua
Sem roupas ou véus...

Tão bem arquitetada me achava
Nos idos da infância, no entanto,
Muitas foram as voltas
Dos dias e noites.

Restolhos do que fui caem
Dos olhos, à medida que
Miro-me das sacadas da vida
E vislumbro as nervuras da
Laje da minha existência...

Tentei fugir algumas vezes,
Mas olhos, seios, ventre,
Sorrisos e algo mais
Possuem-me com brutalidade...

[Será esse o gosto que gosto?]

Vejo-me incapaz de dispersar,
De tornar-me assassina de
Tantos eus que gritam
E dormem em mim.

Retorno à laje
E já não é estranho
Pensar em recomeçar...



Patrícia Gomes
Imagem: Desconheço a autoria

4 comentários:

Anônimo disse...

Mulhewres tem úteros nas tripas, é isso faz delas o q são. Deve ser por isso q tem essas dores e alegrias q se não desconheço, ao menos sei q não teria de onde tirar uma tal descrição.

Larissa Marques - LM@rq disse...

muito bom, Patrícia!

Malu disse...

tmbm sou tantas e algumas já matei. poesia hormonal, uterina! muito bom! bjo.

Patrícia Gomes disse...

Obrigada, pessoal!! ;oD